E justo eu que sempre gostei da
solidão, hoje caí em mim... tenho medo dela! Assumo isso como que em um sussurro
para que ninguém venha ouvir minha declaração de derrota, a vitória de minha
fraqueza, a chegada de minha dor. A solidão que outrora por mim era tão bem
vista, aclamada como um rei, sua chegada me deixava maravilhada, pensava tanto
em solidão que muitas vezes com ela sonhava. Solidão, solidão porque é que um
dia você me deixou? Solidão, porque quando eras minha amiga não havia medo, não
havia ilusão, não chegava o desespero, você me tinha em suas mãos, depois que foi
embora o que restou solidão?
Restaram-me muitos sonhos para
sonhar, uma vida para viver, ilusão para machucar e lembranças que não consigo
esquecer. Você foi embora um dia, agora sua volta me parece tão evidente, mas o
medo de que você chegue fica cada vez mais presente, antes te receberia com
alegria, hoje com medo, te receberei descontente!
Bem sei eu solidão, que fui eu
quem lhe mandou embora, mas você como quem não se importa saiu batendo a porta,
deixando ao vento meu coração, como quem o quer livre para deixar que alguém ocupe
o seu lugar! Se antes não houvesse partido, ainda agora não estaria doendo,
ainda hoje não perderia a paz, solidão podes me enlouquecer ainda mais?
Hoje tenho medo da sua chegada,
hoje não quero que você chegue, mas você tem data marcada para de novo comigo
estar presente, me sinto arrasada! Compreendo a dor que terei que passar, a dor
de mesmo não te querendo presente, saber que mais uma vez você vem para
ficar... Solidão bandida já não te acho tão inocente!
Carolina Trentino